sexta-feira, 24 de julho de 2009

Uma Viagem Submersa


Droga. Despertador idiota, por que tinha que me acordar? Aii, eca! No que estou deitada? Legal, em um bolinho de areia. O que? Um bolinho de areia? Espera, onde é que eu to? Que sede... Olha, tem três senhores ali...

- Hmmm, com licença, mas, o senhor teria um copo d’água?
- Senhorita, a água acabou a 7 dias. – respondeu o homem menor.
- Ah, claro. Obrigada.
Ele deve ter ficado louco. A água acabar? Pelo amor de Deus, a Terra tem 71% de sua superfície coberta de água. Pra onde foi toda essa água? Foi isso que eu perguntei à meu companheiro infeliz.
- Nossa água não é mais a mesma que foi há muitos anos atrás. Os seres humanos não souberam poupar o bem mais precioso que tínhamos e exageraram na quantidade dos produtos químicos. E assim, nossa água foi ficando poluída cada vez mais.

Estranhei quando ele disse ‘há muitos anos’. Afinal, há quanto tempo eu havia ficado desacordada?

- Parece-me que a senhorita não está à par com os acontecimentos. Deseja um jornal? – disse o do meio, quase lendo meus pensamentos.
- Sim, sim! Era o que eu mais queria! – respondi, eufórica.

O estranho me passou o jornal que ele usava como travesseiro.
Olhei a data e dei um pulo, deixando o jornal voar para longe.

- Tudo bem, moça? – perguntou-me um deles. Dos três senhores que haviam ali, aquele era o mais alto.
- Não! Claro que não está tudo bem! 2098? Quando foi que o tempo passou tão rápido?
- Desculpe, moça, mas o tempo não se alterou.

Tentei lembrar do que eu vinha fazendo nos últimos 89 anos... Praça, irmão, casinha... É isso! Eu devia ter entrado naquela casinha esquisita que eu e meu irmão vimos na praça. Meu irmão disse que aquilo era uma máquina... máquina... MÁQUINA DO TEMPO! Meldels! Então, eu tinha viajado no tempo e parado em uma época sem água no meio do deserto. Que sorte a minha...
- Há quanto tempo o senhor disse que não tínhamos água? – perguntei ao mais baixo.
- Há uma semana. – respondeu ele.
- O senhor saberia me dizer por quê a água acabou?
- Bom, todos sabíamos que a água potável um dia iria acabar, certo?
- Certo. – respondemos ao mesmo tempo eu e os outros dois estranhos.
- Mas, cientistas diziam que tinham a solução para quando isso acontecesse. – continuou ele - Segundo os prefeitos, eles iriam transformar a água do mar em água doce e o único problema era o que eles iriam fazer com todo o sal que ia sobrar. Enfim, aconteceu que a água potável acabou e quando eles foram buscar água salgada depararam com outro grande problema: a água estava tão poluída, mais tão poluída que eles não encontraram nenhuma maneira de deixar-la limpa.
- Nossa... – murmurei.
- Pois é. Agora, estamos aqui. Todos com sede, sem lar, sem comida. Todos morrendo em uma terrível seca.

Eu estava sem palavras para isso, então, resolvi caminhar um pouco. Ao longo da caminhada observei as famílias me olhando, todas pareciam surpresas com minha capacidade de andar, de enxergar perfeitamente bem. Algumas se limitavam apenas a ouvir meus passos, já que seus olhos não eram mais o que já tinham sido um dia. Doía em meu coração a dor que era obvia nas pessoas. Olhos secos, pele seca, boca seca. Aposto que aquelas pessoas não tinham mais do que dois dias de vida. Afinal, quem éramos sem água? A resposta é simples: ninguém. Precisamos e sempre precisaremos da água para viver.

Perdida nos meus pensamentos esbarrei com algo. Quando a olhei, uma alegria encheu minha alma. Ela estava ali, a casa máquina do tempo estava ali, bem na minha frente. Abri a porta. Lá estava ele, meu irmão, encolhido em um cantinho.

- Guilherme? O que você está fazendo aqui? – lhe perguntei
- Vim buscar você.

Sorri e entrei na casa. Poderia ter passado mil anos ou mil segundos, eu não perceberia a diferença. Eu e meu irmão saímos da casinha, seguindo para nossa casa. Lá, iniciamos uma Campanha Contra a Poluição do Mar, o CCPM. Nossa campanha, de início, era dirigida somente as pessoas do nosso bairro. Depois de anos, foi crescendo e crescendo. Até que o mundo todo adotou a CCPM.

Um dia eu resolvi imaginar como estava as pessoas que vi no futuro. Sorri quando imaginei elas felizes, sem dor – quer dizer, a falta de água não iria lhes proporcionar secas. Imaginei também se elas saberiam o que fizeram no passado para proporcionar-lhes tamanho conforto, pelo menos no sentido da água. Mas, eu lembrei, as pessoas não podiam ver o passado, elas viviam do passado e não sabiam que aquilo podia salvar-las de um terrível destino. Bom, pelo menos era isso que eu achava até sonhar com todas elas felizes e agradecendo à mim e à meu irmão.

PS¹: Pauta para o Blorkutando
PS²: Sei que ficou meio grandinho (grandinho? Grandão, é mais apropriado), mas eu não consigo segurar quando minha imaginação entra em ação. ;)

3 comentários:

Ana Filipa Silva disse...

Ficou tão linda a história...E fala de um tema extremamente importante para o nosso futuro. Ainda bem que existem pessoas que se preocupam com a nossa Terra (apesar de serem poucas...)

Lindo texto!
Gostei do Blog! =D

Beijo =*

Mariana disse...

To vendo uma futura revolucionária... Adorei o texto bj
Mari
http://amoresesuspiros.blogspot.com

Insights disse...

É, ficou lindo, e fala um tema atual, muito importante or sinal. TEmos que cuidar do que de mais precioso temos: agua&planeta! . Lindo! vou te seguir,ok? beijos ;*