domingo, 9 de agosto de 2009

Especial Dia dos Pais

Bom, aqui estão as cinco razões porque eu odeio o Dia dos Pais:

1. Meu pai é um chato, irritante que só faz trabalhar
2. E é por isso que ele nunca tem tempo de ficar comigo e com meu irmão
3. Pra minha família o Dia dos Pais é dia de ficar em casa
4. E por isso eu não posso i ao cinema, shopping, teatro ou qualquer lugar do tipo
5. EU ODEIO MEU PAI

E lá estava eu, no meu quarto, em plena véspera do do Dia dos Pais, escrevendo todas estas razões para odiar o dia de amanhã, quando meu irmão bateu na minha porta.

- Samantha? A mamãe ta mandando você ir dormir! – ele gritou
- Certo, Bruno. Obrigada! – respondi, apagando as luzes. Mas, assim que deitei na cama, meu irmão abriu a porta.

Bruno me disse para acompanha-lo, e foi isso que eu fiz. Ao longo do caminho ele foi me contando o que estava acontecendo, mas ele estava muito nervoso, ao ponto de só conseguir falar palavras sem sentido, como “legal” “pai” “estranho” “tudo”

Enfim, chegamos ao nosso destino (segundo Bruno me disse), que era o nosso jardim. Estava cheio de flores e plantas de todas as cores. Mas, como? Meus pais odiavam jardinagem, diferente de mim e do meu irmão. Então...

- Como...? Quando...? – comecei a gaguejar, mas, antes que terminasse, Bruno me puxou de novo.

Dessa vez chegamos a uma sala cheia de fotos da nossa família, de nosso pai junto conosco, de nossa mãe sorrindo para nós. Perguntei a meu irmão quem eram aquelas pessoas tão parecidas conosco. Ele me explicou que aqueles éramos nós, mas com personalidades diferentes. Aliás, nós dois nem tanto, os principais eram nossos pais, eles estavam felizes. Inclusive o nosso pai, que nunca ficou feliz por mais de dez minutos.

Estávamos destinados a ver o resto da casa e descobrir se também havia mudado quando ouvimos uma batida na porta. Adivinha quem entrou? Meu pai. Quer dizer, aquele não era meu pai. Sabe como é, ele estava muito, hum, sorridente.

- Filhos! – ele gritou
- PAI?!?! – exclamamos eu e Bruno
- Como vão, meus amores?

Meus amores” ? Certo, quem era aquele homem e o que tinha feito com nosso pai?

- Hum, estamos bem, eu acho... – falou meu irmão
- Que bom, filho! – e depois de olhar para nós com um sorriso imenso no rosto, continuou- Bom, se me dão licença preciso tomar um banho, daqui a pouco estou de volta para conversar com vocês.
- Hum, ta legal... – Bruno disse.

Quando o meu pai entrou no quarto dele, olhei para meu irmão e percebi que ele estava tão assustado quanto eu. E ele tinha uma boa razão: nos seus dezesseis anos de vida nosso pai nunca tinha sido legal com ele. Nunca.

- Não, isso não pode ser verdade – ele sussurrou.
- Eu sei – sussurrei em resposta.

• • •

Já tinham se passado meses e meses e meu pai não mudava seu humor, fosse elogiando a Stella, namorada do meu irmão, fosse me incentivando a ter um namorado. Minha mãe? Ah, ela concordava com ele em quase tudo.
Sabe, eu e o Brumo já estávamos nos acostumando e tal, mas, tipo, ainda sentíamos falta do nosso chato e irritante pai. As vezes queríamos ficar sozinhos – ou, no caso do Bruno, a sós com a Stella – e o papai estava sempre perto, sem querer deixar seus “fofuxos” – um dos apelidos chatos que ele arrumou para nós – sofrerem na solidão.
Sinceramente, eu estava começando a achar essa falta de privacidade uma porcaria. E sabe o que mais? Meu pai ainda ficava falando para meus amigos e para quem quisesse ouvir meus podres e os do Bruno. E, pode acreditar, nós gritávamos com ele e ele nos chamava de “tchutchucos do papai”, o que nos fazia passar mais vergonha ainda.

• • •

Acho que tinham se passado uns seis meses desde que paramos naquele mundo estranhos, já que estava chegando meu aniversário – e eu tinha certeza que o dia dos meus quinze anos ia ser o dia mais vergonhoso da minha vida, graças a meu pai. Mas, de qualquer jeito, naquela noite eu fui dormir mais uma vez chateada com meu pai. Demorei horas para adormecer, e quando finalmente preguei o olho o Bruno me sacudiu.

- Samantha!? Acorda!
- Sai, Bruno. Estou acordada! O que você quer?
- Ah, claro, eu sabia.
- E então?
- Então o que? – ele pareceu confuso. “Cá entre nós”, meu irmão é muito idiota algumas vezes.
- Esquece, mane – virei para o outro lado, tentando voltar a dormir.
- Hum... – Bruno pareceu pensar bastante no assunto para se lembrar do que estávamos falando - Ah! É que o pai ta estranho...
- Bruno, idiota, o pai é estranho.
- Sim, eu sei. Mas ele, tipo assim, voltou ao normal.
- JURA?!?!

Nem esperei ele responder, pulei da cama e corri para ver meu pai de novo. A casa? Bom, ela voltou ao normal – sem fotos e sem mini jardim. Mas, sabe, eu não estava preocupada com a casa, só queria ver meu pai. E foi exatamente o que eu vi, quando cheguei na sala. Ele estava como sempre sentado no computador, provavelmente trabalhando.

- PAAAAAAIIII!!!!!!!!!!!!! – gritei enquanto corria e pulava no colo dele - QUE SAUDADEE!!!
- Filha? Ah, oi. Saudades? Mas, eu sempre estive aqui... – falou, confuso, meu pai.

Olhei para o Bruno, que deu de ombros.

- Ah, paaiii. Tanto faaz! EU TE AMO!!
- Também te amo, filha. Agora, pare de gritar se não você acorda sua mãe.

Sim, meu pai havia voltado. Nos meus catorze anos de vida nunca me senti tão feliz em vê-lo. Foi ai que o Bruno me cutucou e, quando olhei, ele apontou para o relógio. Eram meia-noite do dia 09 de Agosto. Era Dia dos Pais. Acho que eu e meu irmão fizemos um tipo de conexão telepática, porque pensamos e agimos na mesma hora. O que fizemos? Simples, não nos importamos de ele está trabalhando ou não, o abraçamos e o beijamos na cabeça, gritando beeem alto:

- FELIZ DIA DOS PAIIIIS!!!!!

Era o primeiro “Feliz Dia dos Pais” que dávamos para nosso pai. E, então, foi nesse momento que percebi, de um jeito ou de outro, que eu e o Bruno tínhamos o melhor pai do mundo.

• • •

Depois de muita festa à altas horas, quando eu e meu irmão voltamos para o quarto, encontrei um papelzinho com uma caligrafia que eu passei seis meses vendo.

“Aprenderam a lição, Fofuxos?”

Ao que respondemos, mentalmente, “Sim, claro que sim.”

NOTA DA SAMANTHA E DO BRUNO:

Você já desejou Feliz Dia dos Pais para seu pai? Não?? Você ta esperando o que? Ah, você não tem contato com seu pai? Não importa! Você pode ter ficado décadas sem ver seu pai, mas esse dia é um dia especial, então, mande um e-mail, ligue para ele, envie uma carta ou um recado e diga quanto o ama! Afinal, ele é seu pai. E isso, você não tem mais de um, nê? Acredite, você tem o melhor pai do mundo.

7 comentários:

Pensamentos Devaneantes disse...

Ah, que legal.
Amei esse post.
Muito bom mesmo.

(Erica Ferro) [http://ericaferro.blogspot.com/]

Jeniffer Yara disse...

Own...Lindo post!!!

Amei mesmo...

Feliz dia dos pais!!!!!!!!!

Bjins...
;*

Carla disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carla disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carla disse...

UIEHUAE x)
Vi que você está lendo A Garota Americana, é bom né?

AnaPaulaMagalhães :) disse...

ADORO! vc é a minha quarta escritora favorita! a primeira é Meg Cabor, depois Stephenie Meyer, depois a louca que eu já te falei chamada Letícia, e depois você!
E... Samantha? Garota Americana entrando no seu cérebro!

Yngrid Oliveira disse...

Que lindo o post e teu blog parabéns. Aprendi muito com o post e independente de qualquer coisa pai é pai.To te seguindo Beijos